Em 1998 estava em Maceió, em plena campanha eleitoral. Para minha surpresa, o Estado de Alagoas – que é considerado o cafundó mais atrasado do país, disputando com o Piauí em todas as categorias de subdesenvolvimento – tinha um candidato a governador gay, apoiado por uma prefeita idem.
A cidade toda sabia, o fato já havia sido explorado pelos jagunços da direita, sem efeito prático. Pra completar, a chapa do candidato escolheu uma brava liderança petista para disputar o senado.
Todos estavam no campo da esquerda (PSB e PT) e combatiam os usineiros e a família Collor.
Conversando com um vendedor de coco na praia, ouvi a explicação cristalina:
– Ele é boiola, mas é macho! Vai ganhar porque enfrenta esses bandido e tá do lado do povo!
Ronaldo Lessa foi eleito e Heloísa Helena virou senadora. Kátia Born concluiu seu mandato sem maiores questionamentos.
Vivenciar aquele clima de eleição foi estimulante e libertário, para muita gente. Voltei pra São Paulo com a certeza de que o Brasil estava superando o atraso. O sentimento de que o preconceito poderia ser vencido por propostas avançadas e posicionamentos políticos claros se confirmou em 2002.
São Paulo de 2008 deveria aprender algumas coisas com Alagoas de 1998. Pena que os próprios alagoanos desaprenderam. E muitos vencedores de 2002 também.
O que me leva a acreditar que as ondas progressistas são exatamente isso: ondas. Tem fluxo e refluxo, e quando se esvaem fica apenas a espuma. Mas é com essa espuma que teimamos em moldar o sonho de uma sociedade mais justa.
Cara amigo Daniel, perfeita tua análise sobre as ondas progressistas.
Vejamos São Paulo que está tentando eleger à direita, um gay travestido de conservador (ou seria ao contrário?), que ao menos poderia ser mais liberto… politicamente falando é claro… rsrs
Parabéns!
Grande Biruel, bom te ver por aqui. Arrisquei até um chavão no final, tive de me conter pra não parecer cínico.
Escrevi um post sobre a política de São Paulo, dê uma espiada!