Nenhum homem é uma ilha, diz o velho adágio, que já foi até tema de redação no vestibular. Por isso estou aqui, jogando minha garrafa ao mar, saudoso dos amigos.
Minha rotina tem sido acordar cedo, sem despertador. Faço uma caminhada matinal, que às vezes é em direção à Vila, às vezes ao Perequê. A paisagem quase deserta da manhã recém nascida me faz bem pro espírito. Acaba até contaminando o que escrevo.
O astral do velho Engenho Dágua, por exemplo, aí embaixo, pertinho de casa. Ao fundo, o Baepi, ponto culminante da ilha.
Meu retiro é uma pequena casa que conheço desde a infância. Passo o dia escrevendo, com intervalo para fazer o almoço. Coisas leves, que me ocupam por uma hora, no máximo. Salada de cuscuz marroquino, abobrinha recheada de atum, uma massinha, muita verdura. À noite subo o morro para a casa da tia, onde aí tomamos uma cerveja, conversamos e fazemos coisas mais caprichadas. Um babaganuche feito na brasa, por exemplo, puxado no alho pra espantar os vampiros.
Ainda não fui à praia, embora esteja a poucos metros dela. Dei um mergulho na piscina, na terça, mas de lá pra cá o tempo esfriou. Ideal para escrever. Lá fora, o verde gotejante é intenso. A casinha é cercada de uma mata tão densa que do portão não dá pra enxergá-la.
Trilha sonora: Mozart, Beethoven (só as sonatas para piano), Chopin, André Mehmari, Chico Saraiva, Duofel. E uma coletânea da Araci da Almeida, só pra dar um tempero enquanto cozinho!
Com tanta paz só vai sair coisa boa, fico na espera.
bjs
Tenho a impressão que você vai acabar, mais para a frente, morando por aí…. bjs