Arquivo para novembro \17\-02:00 2015

Flanando pelo Rio

                Faz tempo que não escrevo aqui no Fósforo, né? Ando meio preguiçoso, ou melhor, meio atolado de outros afazeres. O que é imperdoável, visto que um de meus afazeres é justamente escrever. Estou na reta final de meu segundo romance, mas a trajetória tem sido cheia de interrupções e incidentes. Faz-me falta a concentração que tive para escrever o Terno de Reis.

                Que, aliás, foi lançado no Rio, na semana passada, no aprazível bar Sabor da Morena, no Botafogo. Noite agradável, com a presença de vários amigos de longa data. Devagarinho, o romance vai se espalhando por aí, de mão em mão. Aliás, cometi o erro imperdoável de não levar um maço de notas de cinco reais para usar de troco, e alguns amigos acabaram dando 50 reais, em vez de 45. Tentei compensar pagando umas cervejas, mas certamente alguns ficaram no prejuízo. Perdão, prometo me redimir na próxima. Vocês tem crédito comigo!

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                Na verdade, fui para o Rio uma semana antes, para o aniversário de dois anos do neto. Festa bonita, no Museu do Índio, também no Botafogo. Apesar do tempo cinza e chuvisquento, a criançada se esparramou pelo belo espaço, e a alegria do aniversariante era visível. É muito legal essa apropriação dos espaços públicos que o carioca faz, e que o paulista nunca soube fazer (ou desaprendeu). Mesinhas na calçada, choro nas praças, a rua como lugar de convívio, não de conflito.

                Durante os dias, fiz algumas caminhadas pelo bairro. Na rua Guilhermina Guinle um prédio me chamou a atenção. Com uma fachada vegetal exuberante, o edifício Conde de Paris parece devolver para a cidade um pouco do verde que derrubou para poder existir. Um projeto arquitetônico digno de destaque, que deveria ser mais copiado. Infelizmente, estava sem a máquina fotográfica…

Árvores x

                Andei até o Jardim Botânico, um de meus lugares favoritos na Cidade Maravilhosa. Rever árvores centenárias, passear por alamedas sombreadas, comer pitangas no pé, admirar os jacus e saracuras que passeiam pelos gramados com desenvoltura, não tem preço. O belo lago, coalhado de ninfeias, é o sonho de um Monet tropical.

Lago Fósforo

             Fiz boas caminhadas na Enseada do Botafogo, do Clube Guanabara até o Aterro. Gaivotas e garças, atletas e idosos, sujeira e beleza. A paisagem do Pão de Açúcar é o que é, merecidamente. Bem no início da praia, uma sentinela fiscalizava atentamente o movimento dos cardumes que ainda passeiam por lá. Aqui e ali, uma tartaruga vinha à tona para respirar. Apesar da poluição, sobrevivem.

Sentinela x

   E que tal encontrar os amigos na Praça São Salvador, em Laranjeiras? Música rolando toda noite, cervejinha gelada, clima de confraternização. O lugar pegou de tal forma que uma infeliz vereadora resolveu fechar a praça, alegando perturbação da ordem. Misteriosamente, a luz se apagou às 20 horas, deixando todos no escuro. Parece que é um blecaute intencional, para esvaziar o pedaço. O pessoal? Nem aí, continuaram tocando, cantando, conversando, paquerando, convivendo. Isso numa terça-feira!

Praça São Salvador

                Enfim, voltei para Sampa pensando em tudo que nos une e tudo que nos separa. A frieza da megalópole faz com que os espaço de convívio sejam mais restritos, mais caros. Felizmente moro no Butantã, e logo me deparei com o Jazz na Kombi bombando ali no beco do Amorim Lima, pertinho do também lotado Bar Amazonas. Público se esparramando pela calçada, com um jeitinho brasileiro de ser que a maioria dos bairros paulistanos já perdeu. Ainda há esperança.

Jazz na Kombi


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