Tá, sei que o título é reducionista, para alguns. E generalista, para outros. Difícil agradar todos, né? Esta é a encruzilhada em que o Brasil está, em outubro de 2014, véspera do segundo turno das eleições. A internet se tornou um campo de batalha, onde militantes virtuais (em sua grande maioria, limitantes reais) esbravejam e se apoiam nos “amigos”. Entre em qualquer fakebook de esquerda e vai ver enquetes onde Dilma é a grande vitoriosa. Em fakebooks de direita (e também dos liberaizinhos que não se acham de direita), o sentimento anti-petista corre solto, e a libertação do Brasil está próxima.
Libertação? Desde quando a volta do neo-conservadorismo é libertação? Os patrões mais carrascos, os militares mais linha-dura, os fanáticos religiosos mais radicais (desculpe a redundância), as donas-de-casa mais carolas, os machistas mais empedernidos, os racistas mais encarniçados, estão do lado A (de Aécio). O sequestro de expressões caras à quem lutou contra a escravidão, contra a ditadura militar, contra a censura, é acintosa. A repetição de mentiras como “o Brasil está falido!”, “o PT quer instaurar uma ditadura socialista” ou “o perigo do bolivarianismo” é repetido ad nauseam. As manipulações midiáticas encontraram terreno propício à fermentação dessas ideias fora do lugar (como diria o crítico literário Roberto Schwarz).
Enfim, esta situação é culpa do PT, mas não é só culpa do PT. É da falta de democratização dos meios de comunicação, que são capitanias hereditárias nesse país. É da longa tradição de corrupção em todos os níveis, que envolve a velha(ca) imprensa até a raiz dos cabelos. É da falsidade reinante, que pela segunda vez na história recente do país escolhe um playboy da oligarquia para enfrentar um governo de, vá lá, esquerda. Na primeira vez, deu no que deu: impeachment. Agora o playboy da vez tem ligações com o narcotráfico. Helicópteros de cocaína, aeroportos clandestinos (construídos com o dinheiro público), histórico de bebedeiras e violência contra mulheres. Vida particular não interfere na vida pública? Se não envolvesse recursos públicos, concordaria.
Bem, nada do que eu possa dizer pode ser melhor do que a clareza das imagens desse vídeo, que retrata duas manifestações em Belo Horizonte. Dilmistas X aecistas. A festa, o samba, o riso, contra o Hino Nacional e o verde-amarelismo que disfarça o fascismo. O depoimento sincero de um negro pobre que se sente mais feliz no Brasil de agora contra o preconceito escarrado e mal-educado dos que ainda se acham elite. Só não vê quem não quer.