Arquivo para setembro \19\-02:00 2010

Aquela chata na platéia

Mais de uma semana sem escrever aqui no Fósforo. Muito trabalho, claro, mas também um pouco de desorganização e bastante cansaço. Chego em casa tarde e sem vontade de escrever qualquer abobrinha apenas pra cumprir tabela…

Tenho acompanhado intensamente a campanha eleitoral e as baixezas da velha imprensa. Se há duas coisas que fazem muita falta no Brasil atualmente é uma boa oposição e uma imprensa menos partidária. Uma oposição dura, mas leal, faria o governo errar menos e trabalhar mais. Uma imprensa menos tendenciosa e alinhada diminuiria a crise de valores e de representação que degrada os jornalões e revistas semanais (com a honrosa exceção da Carta Capital). Felizmente temos a internet…

Mas não só de trabalho vive este fosfórico franco-atirador. Domingo passado participei de um belo piquenique com o pessoal do Piperca.

Sexta fui à festa do Coletivo Digital, sábado provei os tapas e a paella do Torero Valese, hoje passei pelo Revelando São Paulo, lá no Parque do Trote da Vila Guilherme. Belezas e delícias do interior e litoral de São Paulo, este estado tão multifacetado e multiétnico. Quando vejo aquele povo bonito cantando, dançando, tocando, criando e se expressando de tantas formas, me pergunto como pode o estado de SP ter uma elite tão metida a besta!

Ou seja, assunto não faltou. Faltou tempo. Pra não passar a semana em branco, volto a falar de música. Ou melhor, da relação do artista com o público, do desrespeito cada vez mais comum das pessoas em relação ao artista (seja num show, num filme, numa peça de teatro). Quem dá a bronca é Hermeto Pascoal, genioso e genial.

Trupe Chá de Boldo

Certa vez participei de uma festa, lá na rua Machado de Assis, na Vila Mariana, quase na Aclimação. Casa da Baleia, do Alli e da saudosa Thais. Um grupo de meninos e meninos, ainda desajeitados, tocaram na sala algumas composições próprias, e depois se juntaram a nós, no quintal, para uma roda de samba. Das boas, onde pinta até a polícia, chamada pelos vizinhos.

Voaram 3 ou 4 anos, desde aquela farra. Os meninos cresceram, viraram a Trupe Chá de Boldo. Meio ripongos, novosbaianos paulistas, misturam boleros, rocks, música brega, pop, jovem guarda e samba, sem salamaleques. Costumo vê-los no Bloco Vai Quem Quer, histórica agremiação que agita os carnavais de Pinheiros e Vila Madalena. Gravaram um CD, e tocam por aí, em  bares e palcos paulistanos. Em breve, rodarão por outras terras.

Sei lá, sinto cheiro de invenção. O frescor das letras, a simplicidade meio anárquica das melodias e arranjos, o visual inusitado dos clipes. Cabecinhas não-formatadas, tocando e cantando contra a corrente da mediocridade pop eletrônica internacional. Experimente!

Um fósforo eleitoral

(Ana Peluso, amiga querida, me envia uma surpreendente definição de fósforo. Confesso que não conhecia essa acepção. Achei a explicação meio fantasiosa, mas vale o registro. O Aulete é o mais importante dicionário da língua, e registra significados perdidos no tempo. O Houaiss abona a interpretação. Creio que é uma definição em desuso. Se fosse termo corriqueiro, certamente eu teria escolhido outro nome para este blog…)

Fósforo não é apenas um palito de madeira feito para produzir fogo. No contexto eleitoral, é o nome que se dá a um eleitor que vota com título falso, um impostor que vota no lugar de outra pessoa.

Uma possível origem do vocábulo decorreria da semelhança da urna de madeira com uma caixa de fósforo, e nesse sentido, o fósforo se dispunha a riscar, isto é, a votar em qualquer urna.

>> Definição do iDicionário Aulete:

(fós.fo.ro)

sm.

1. Quím. Elemento não metálico, de número atômico 15, cujo símbolo químico é P e que brilha no escuro e arde em contato com o ar [Sim.: P]

2. Palito com cabeça feita dessa substância, que produz fogo ao entrar em atrito com superfície áspera: Você tem fósforo para acender a vela?

3. Bras. Pop. Eleitor que vota com título falso

4. Pop. Pessoa a quem não se dá nenhum valor ou nenhuma importância.

5. SP Pop. Indivíduo que entra em uma recepção ou solenidade sem ter sido convidado; penetra; intruso.

6. Bras. Pop. Pessoa fosfórica, ignorante; superficial.


Bom, alguns devem concordar com a definição. Que fazer? Abrir uma garrafa de vinho e tocar um tango argentino…


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