Arquivo para outubro \30\-02:00 2008

Queijos e patos na Canastra


Fui parar em São Roque de Minas, pequena cidade localizada aos pés da Serra da Canastra. Lá encontrei umas das experiências cooperativas mais bem sucedidas do país. No início dos anos 90, São Roque estava decadente.  Êxodo rural, população em declínio, fechamento da única agência bancária. A criação da cooperativa, inicialmente para resolver o problema de crédito, dinamizou a economia e fez a cidade renascer. Hoje a lavoura de café cresceu, tem muito milho, e o turismo fez surgir várias pousadas na região. A internet de S. Roque, gratuita, é bancada pela cooperativa, que também construiu escolas para os filhos dos associados, todas conectadas com a rede. O garoto aprende a mexer com computador lá na zona rural, e em breve saberá operar os tratores e máquinas agrícolas modernos, que já exigem tais conhecimentos. Nada mal! Nestas eleições vi, em grandes cidades,  candidatos prometendo curso gratuito de informática,  sem o menor direcionamento, e lembrava de São Roque de Minas…

Um dos orgulhos da cidade é a fabricação artesanal do precioso Queijo Canastra, um patrimônio cultural cujas origens remontam ao século XVIII. Visitei a única fazenda que produz o Canastrão, esse bitelo aí da foto, que pesa 7 quilos e é feito com 70 litros de leite cru e um bocado de paciência. Delicioso é uma palavra que não diz tudo sobre a experiência de provar esta maravilha.


Ali fica a entrada do Parque Nacional da Serra da Canastra, onde nasce o rio São Francisco, 2700 km antes de desembocar no Atlântico. Muitas cachoeiras, e possíveis encontros com lobos-guará, emas, tamanduás bandeiras e, com sorte, o tatu-canastra. Infelizmente a agenda não permitiu uma visita ao parque. Mas, nas estradas rurais,  avistávamos com freqüência gaviões e seriemas, como estas aí, que freqüentam o pátio da escolinha rural depois do recreio, atrás de restos de merenda caídos no chão. Quase domésticas.

A pousada onde dormimos fica dentro da cidade, às margens do Rio do Peixe. A quantidade de pássaros, ao amanhecer, é impressionante. Papagaios e maritacas de todas as cores fazem um escarcéu às 6 horas da manhã. O jeito era levantar e fazer uma caminhada pela beira do rio, esperando o café. A quantidade de curimbatás que vi nas águas rasas do rio me impressionou. Fotografei também um patinho preto nadando no rio, mas o bicho fugiu quando tentei me aproximar.

Conversando com a dona da pousada, fiquei sabendo que havia topado com uma das aves mais raras do planeta, o pato mergulhão. Espécie em extinção, dizem que há menos de 300 exemplares na natureza. Expedições de cientistas e bird watchers do mundo todo se hospedam na Serra da Canastra, tentando fotografar o tal, e muitas vezes voltam de mãos vazias depois de uma semana rastejando na lama, rio acima.

Nesta hora amaldiçoei o fato de não ter uma câmera profissional, com um zoom do tamanho de uma bazuca. Meu pobre e desfocado registro foi enviado para as entidades ambientais que brigam pela preservação da espécie, como a Fundação Pró-Natureza.


Enfim, um lugar pra onde voltarei, de férias. Muitas belezas, muita coisa pra ver. E pra chegar em São Roque tem de passar por Piunhi ( ou Pyunhi), que além do queijo-canastra também faz uma boa cachacinha. Saímos de lá em direção a Ribeirão Preto, passando por Furnas. Linda viagem!


Jornal Nacional

27/10/2008. Fato incomum: ligo a TV e assisto aos minutos mais caros da TV brasileira, o chamado horário “nobre” na rede de maior audiência. A escalada do noticiário já prenuncia bobagens do tipo “o primeiro dia dos prefeitos eleitos”, ou seja, vai rolar uma sessão Caras e não uma análise política do significado das eleições.

No primeiro bloco, um entrevistado insiste em maltratar o idioma, falando de “subzídios”. Se eu fosse professor de português diria: “Obzerve, é abzurdo falar subzídio.” Mas como não tenho esta vocação, deixa pra lá. Também cometo barbarismos, com alguma freqüência. (E este trema foi colocado pelo corretor automático).

Primeiro intervalo. Entra um comercial cantado em inglês, boçalidade  usual na publicidade brasileira. Mas este é especial: Todos os figurantes cantam em inglês, dentro de uma fábrica! É um comercial da Ford, onde uma surrada canção pop dos anos 60 ou 70 é cantada alegremente por peões do ABC. Ou será na fábrica da Bahia? É surreal. Ou imbecil, depende do ponto de vista.

Queda nas bolsas mundiais. Reflexos no Brasil são comentados superficialmente pelo ex-presidente do PSDB e por Maílson, ex-ministro do Collor. Anda mal de comentaristas a Rede Globo. Pra limpar a barra e fingir que ouve quem governa o país, convoca o senador Mercadante, que fala por imediatamente esquecíveis 15 segundos. Isto é que é edição pra agradar Homer Simpson!

Reportagem sobre a crise econômica nos EUA. Casas abandonadas em Detroit. Ligação com o Brasil? Nenhuma. A reportagem foi apenas traduzida, não faz uma ponte, uma ligação, uma analogia, um paralelo. Aqui ninguém abandona casa, certo? Ao contrário, invade.

Comercial caríssimo de um minuto de um fabricante de aço. Para quem, mesmo? Homer compra aço?

Volta o jornal, com a emocionante história de um sujeito que enfrentou e matou uma sucuri e pode ser multado pelo Ibama. A imagem mostra – a 5 metros de distância – o cara levantando a bermuda e mostrando a coxa, como se exibisse a marca de uma mordida. Não dá pra ver nada, claro. (Pode tirar a vírgula da frase, Pedrinho). Assunto seriíssimo para o maior telejornal do país. Como faz o Doutor Plausível (com muito mais verve), HA HA HA!

É por isso que neste horário costumo fazer outras coisas, e não assistir TV…

Dois Mané

Houve um tempo em que havia saraus nos bares dos Butantã.  A poeta-atriz Renata Tavares, que agitava o sarau mensal do Beltiquim, certo dia me intimou:

– Pô, você só vem aqui pra beber cerveja e nunca aparece nos saraus! Diz que gosta de literatura, de poesia, mas some na hora do vamos ver. Pois está convocado a produzir algo de útil para o próximo, que será no sábado que vem!

Matutei um pouco e roubei uma idéia do primo Fábio, que já tinha feito uma brincadeira com os Manés. Preparei um pequeno texto, para ser lido a duas vozes, como um jogral, e ainda exibimos o filme Caramujo-Flor, do Joel Pizzini, pra começar a sessão.Outro dia achei o rascunho e registro aqui, para que relembrem os saraus (ainda existem, né, Artemiza?) e, principalmente, os Dois Mané.

DOIS MANÉ

Conheci o primeiro Mané, o Bandeira, ainda criança. Quis ter um porquinho da Índia, como ele. Fiz jogral na escola com os Sapos, sem saber explicar porque gostava de uma poesia tão boba. Troquei aquele Mané por poetas sofisticados, vanguardeiros, politizados. Depois, cresci. Os fumos, os álcoois e as carnes que provei me ensinaram a enxergar a beleza das coisas simples. E foi assim, vendo minha alma arada, que um bando de manoéis de barros fez ninho na minha cabeceira. Faz mais de vinte anos isso. Seus livros são sapos com a barriga brilhando, cheia de vagalumes. Por causa deste Manoel, voltei àquele. Um canta becos e balõezinhos; outro, ciscos e caramujos. Ambos, de forma muito sábia, se fazem de bobos pra melhor espiar o mundo.

Um Mané

Sou bem nascido. Menino,
Fui, como os demais, feliz.
Depois veio o mau destino
E fez de mim o que quis.

Outro Mané

Em menino, eu sonhava de ter uma perna mais curta.
Só pra poder andar torto.
Prefiro as linhas tortas, como Deus.

Um Mané

Vi terras da minha terra
Por outras terras andei
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado
Foram terras que inventei.

Outro Mané

Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece
que foram inventadas.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada.
Mas quando não desejo contar nada, faço poesia.

Um Mané

Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei para o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento.

Outro Mané

A imarcescível puta preta
Que me arrastou na adolescência
Me ensaruou de sua concha.

Um Mané

Minha grande ternura
Pelos passarinhos mortos;
Pelas pequeninas aranhas.

Outro Mané

Mosca dependurada na beira de um ralo –
Acho mais importante do que uma jóia pendente.

Um Mané

Uma noite,
Uma noite toda cheia de murmúrios, de perfumes e
da música das asas.

Outro Mané

De noite o silêncio estica os lírios.
O meu amanhecer vai ser de noite.
Um Mané

Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.

Outro Mané

Alegria é apanhar caracóis nas paredes bichadas!
Coisa que não faz nome pra explicar
Como a luz que vegeta na roupa do pássaro.

Um Mané

Dentro de mim florescem jardins.
Minhas flores são inventadas.

Outro Mané

Natureza é uma força (…)
Que me enche de flores calores insetos.

Um Mané

Eu quero a estrela da manhã!

Outro Mané

Mas se estrela fosse brejo, eu brejava.

Um Mané

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos.

Outro Mané

Poesia:
Emprego de palavras imagens cores sons etc. geralmente
Feitos por crianças pessoas esquisitas loucos e bêbados.

Um Mané

Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Outro Mané

Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.

Todos os Manés

Está inaugurada a Noite dos Dois Mané!

(setembro de 2005)

* * *

O artista é um cavalo

Cholla, um talentoso cavalo americano, teve uma obra premiada num salão de arte da Itália. Segundo a Folha de SP, “o júri admitiu embaraço ao saber que Cholla é quadrúpede”.

Ora, vamos lá, caro jurado! Se fosse um bípede causaria menos embaraço? Imagine um avestruz, por exemplo. Por outro lado, puxe pela memória: aposto que você já premiou artistas que só faltavam ficar de quatro e relinchar.

Arte gestual, espontaneísmo expressionista, abstracionismo bruto. Pra que servem estes rótulos, senão para disfarçar nossa irreprimível vontade de pintar igual a… Cholla? Confira aqui o talento do brioso artista.

Eleições em São Paulo

Passei três meses fora de Sâo Paulo, e não acompanhei a campanha no primeiro turno. De lá pra cá, tenho procurado ser um bom cidadão e assistido aos debates e propagandas eleitorais. Que decepção!

Será o fim da política com P maiúsculo? Não se discute projetos políticos e seu significado social, e sim quem fez mais piscinas ou metros de asfalto. A campanha de Marta comete equívocos que são, no fundo, os mesmos que fez o PT entrar em crise profunda de identidade nos últimos anos. Cada vez mais é confundido com os outros partidos, reclama e diz que é diferente, mas na hora de colocar de colocar na mídia os seus projetos, faz igualzinho aos outros partidos. Ora…

Claro que não vou aqui perder tempo comentando o boneco inflável que é prefeito sem ter tido um único voto. Ter sido secretário de Pitta já diz tudo, e compromete profundamente o que restava de credibilidade em José Serra. É a mudança que voltou atrás. Demo filhote da ditadura não tem meu voto, de jeito nenhum.

Vivo nessa metrópole há mais de 40 anos, e atravessei vários tipos de gestão, das autoritárias até as saqueadoras. Poucas coisas foram tão marcantes como projeto integrado de mudança social que os CEU’s. Aliás, não consigo lembrar de outro programa com tal impacto. Moro num bairro que hoje tem um teatro e um belo centro de convivência graças a isso.

A inversão de prioridades, bandeira tão necessária, que vem lá dos tempos da Erundina, foi aí concretizada. Investimento sério na periferia, abrindo espaço para a educação, cultura e lazer de alto nível. Vale algumas centenas de pontos a mais que o tal Cidade Limpa, que é o melhor projeto do boneco.

Gente séria me garante que o Ivan Valente foi o único a fazer um discurso político coerente, no primeiro turno.  A campanha de Marta perde cada vez mais a oportunidade de recuperar esta coerência. Fica na disputa de “quem fez mais”, o que é pouco pra quem quer realmente “algo mais”. Votarei nela sem temor, mas com pouca esperança.

Tombos de Minas

Não, não vou falar dos tropeços eleitorais dos candidatos do Aécio. O assunto aqui é a simpática cidade de Tombos, na Zona da Mata mineira. O curioso nome vem das inúmeras quedas d’água que existem na região. As mais imponentes formam este conjunto de “tombos” no rio Carangola, que cruza o município. Chegamos lá com tempo chuvoso e céu cinzento, mas fomos conhecer de perto a pequena hidrelétrica que gera energia para abastecer a cidade.

Tombos fica na mesma linha de trem desativada (a famosa Leopoldina) que passa em Muqui (ES), da qual falei num post anterior. A estação virou museu, onde até a dentadura de um ilustre patriarca está exposta.

Pela quantidade de montanhas e cachoeiras, Tombos atrai muitos turistas. Ali se inicia uma famosa trilha chamada Caminho da Luz, que atravessa vários municípios até chegar ao Pico da Bandeira, no Alto Caparaó. Nos grandes feriados a pequena cidade fica entupida de carros, e perde o clima bucólico que é parte de seu charme.

Passamos 5 dias gravando na zona rural, mostrando o trabalho da cooperativa local, que mudou a vida dos pequenos produtores. Gente como a Daniela, que era dona de metade de uma vaca. Com um empréstimo da Cooperativa, comprou a outra metade e hoje vende leite e é dona de um bezerro. A união dos pequenos produtores rurais vem transformando e dinamizando a economia local, depois de muitos anos de estagnação. Coisa bonita de se ver!

Mineiro é, por natureza, hospitaleiro. Em todo lugar, convite prum cafezinho, um bolo de fubá, um pão saído do forno. De noite, bares animados e muita cerveja. Aliás, Tombos de Minas é nome de uma famosa cachaça da região. E, como não podia deixar de ser, é terra de gente esquisita, também. Esse camarada aí, o Profeta, é personagem folclórico da cidade.

Enfim, um lugar pra visitar em pleno verão e aproveitar a natureza. De preferência, fora dos feriados. E não pare o carro em calçada rebaixada, pois o tombense é tranqüilo mas pode ficar meio nervoso!

O candidato gay

Em 1998 estava em Maceió, em plena campanha eleitoral. Para minha surpresa, o Estado de Alagoas – que é considerado o cafundó mais atrasado do país, disputando com o Piauí em todas as categorias de subdesenvolvimento – tinha um candidato a governador gay, apoiado por uma prefeita idem.

A cidade toda sabia, o fato já havia sido explorado pelos jagunços da direita, sem efeito prático. Pra completar, a chapa do candidato escolheu uma brava liderança petista para disputar o senado.
Todos estavam no campo da esquerda (PSB e PT) e combatiam os usineiros e a família Collor.
Conversando com um vendedor de coco na praia, ouvi a explicação cristalina:
– Ele é boiola, mas é macho! Vai ganhar porque enfrenta esses bandido e tá do lado do povo!
Ronaldo Lessa foi eleito e Heloísa Helena virou senadora. Kátia Born concluiu seu mandato sem maiores questionamentos.

Vivenciar aquele clima de eleição foi estimulante e libertário, para muita gente.  Voltei pra São Paulo com a certeza de que o Brasil estava superando o atraso. O sentimento de que o preconceito poderia ser vencido por propostas avançadas e posicionamentos políticos claros se confirmou em 2002.

São Paulo de 2008 deveria aprender algumas coisas com Alagoas de 1998.   Pena que os próprios alagoanos desaprenderam. E muitos vencedores de 2002 também.

O que me leva a acreditar que as ondas progressistas são exatamente isso: ondas. Tem fluxo e refluxo, e quando se esvaem fica apenas a espuma. Mas é com essa espuma que teimamos em moldar o sonho de uma sociedade mais justa.

As hortas circulares de Muqui

Um dos lugares mais curiosos por onde passei este ano foi a cidade de Muqui, no Espírito Santo, vizinha de Cachoeiro do Itapemirim. Pequena estação de trem (desativada) encravada na região montanhosa que separa o ES de MG, tem bela arquitetura do começo do século XX. Muita fazenda de café nas redondezas, gado, belas montanhas.

Programa de índio feliz: acordar bem cedo, pegar a estradinha de terra que vai dar no Vale da Aliança e deparar com essa paisagem.

No vale conheci uma comunidade de assentados do MST. Tomei café com mandioca frita na casa do Nô, conheci Dona Lourdes e seu “filho adotivo”, um bezerro órfão que a segue por toda parte.

Foi lá que conheci hortas em forma de mandala, projeto agroecológico familiar desenvolvido pelo agrônomo senegalês radicado no Brasil Aly N’Diaye. No meio tem um galinheiro, e os restos de horta alimentam as galinhas, cujo esterco aduba a horta. A irrigação por gotejamento é o jeito mais econômico de uso da água, e o projeto (financiado pelo Sebrae e Fundação Banco do Brasil) é um sucesso em todo lugar onde foi implantado. A própria Prefeitura compra a produção das hortas e distribui na merenda escolar.

Garotada comendo verduras orgânicas, produtores diversificando sua produção e com o retorno garantido. É tão simples que não dá pra entender como não se pensou nisso antes. Einstein está certo, confira!

Depois de 5 dias, nos despedimos de nosso cicerone, o agrônomo Luis Bettero (grande figura!) e pegamos a estrada para o outro lado da divisa. Minas Gerais, próxima etapa!

Rato ou artista?

Isso aí apareceu grafitado num muro do Butantã, por onde passo diariamente. Na primeira vez, ri. Na segunda, fiquei pensando de onde conhecia essa frase. Na terceira, lembrei do verso de Chico Science: “computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro”.

Ratos é mais provocativo. Lembrei de John Steinbeck, Ratos e Homens, leitura de adolescência. Parece que ninguém mais lê Steinbeck, hoje em dia. Me veio Maus, do Art Spiegelman. Art de artista, claro. O homem se olha no espelho e vê um artista. Como ninguém é obrigado a saber alemão, explico que spiegel é espelho na língua de Goethe e Beckenbauer.

Remy, protagonista do Ratatouille, aprovaria a primeira sentença grafitada.

Um artista pobre é um homem ou um rato? Van Gogh nunca vendeu um quadro na vida. No mundo midiático moderno, não seria um artista. Artista é quem tem o nome no jornal, aparece na TV, dá entrevistas, expõe em galerias, faz vernissages…

Pra ostentar o título de “artista” o sujeito precisa viver de arte? Se ele for bancário, dentista ou zelador e tira seus rendimentos da profissão, não é artista? Um mero diletante? Ou pior, aspirante?

O grafiteiro se considera um rato ou um artista?

O guarda-noturno me surpreende com nova leitura: “Rato é muito arteiro, sim senhor! Tem cada um de noite, precisa ver o que eles fazem!”

Quase pergunto pra ele se grafitam muros. Voltei pra casa com mais essa interrogação.

Mas tem gente que passa todo dia por aquele muro e não enxerga. E deve ter menos dúvidas que eu.

Einstein e a política

Fui ver a exposição do Einstein, no Ibirapuera, que recomendo até pra quem tem pavor de Física.Tem coisas fascinantes, que até um ignorante como eu consegue apreciar.

No meio, uma frase me chamou a atenção: “Não há absolutamente nenhuma boa idéia na política. As idéias são todas óbvias; o único problema é fazer com que as pessoas as coloquem em prática.” (A. Einstein).

O cientista, pacifista, pensador e quase-músico Albert pode parecer ingênuo, mas bobo não era.


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