Arquivo para maio \27\-02:00 2011

Marcha da Liberdade

Convoco todos os sonhadores, libertários, lutadores e amantes da liberdade de expressão. Contra todas as ditaduras! Vamos lá, moçada!

Que família!

Ontem, mano Marcelo tocou em São Carlos.

Hoje, mana Manu se apresenta em Paris. Que família! Não consigo acompanhar esse povo…

Duo Violeta em São Carlos

Gosto muito dessa dupla!

Legalize já!

Em todo mundo, médicos, juristas, governantes, pais e mães questionam a eficiência de colocar certas drogas na ilegalidade. Tabaco é legal, recolhe grande quantidade de impostos e mata milhões de pessoas por ano. Álcool, idem. Se declarados ilegais, criariam uma gigantesca rede de tráfico clandestina. Alguém duvida?

A cannabis sativa, erva usada desde tempos imemoriais para fins terapêuticos e relaxantes, é legalizada em alguns países. Tem o uso controlado, e é até indicada para certos tratamentos médicos. Mas a danada é gostosa, dá um “barato”, deixa as pessoas felizes, rindo à toa. Felicidade pode ser perigosa…

No Brasil, grande produtor de maconha, a lei é antiga e rígida. Não pode. O que não resolve nada, em termos práticos. Qualquer estudante medianamente informado sabe quem tem, quem fornece, onde comprar, onde consumir. Nas festas dos “filhos da elite”, nas casas de praia, na fazenda do titio, o uso é generalizado. Polícia não entra em casa de bacana, certo?

Para colocar o debate na sociedade, grupos se mobilizam. Marchas são realizadas, no mundo inteiro, pela descriminalização da maconha. Neste mês, atos foram realizados no Rio de Janeiro, em Curitiba, em Porto Alegre, de forma pacífica. A polícia acompanhou atenta, mas garantiu a segurança dos manifestantes. Isso é democracia.

Mas em São Paulo o pau comeu. O estado que se acha progressista, vanguarda do Brasil, lamentavelmente governado por um mesmo partido há 16 anos, tem a polícia mais truculenta e anti-democrática do país. Bate em professores e estudantes, sem cerimônia. E no último sábado, 21/05, protagonizou cenas revoltantes ao prender e espancar manifestantes pacíficos e desarmados. E que não acenderam nenhum cigarro de maconha durante o ato, naturalmente.

Ou seja, repressão contra a liberdade de expressão. Gesto típico de ditaduras. Me causa nojo ver gente que enche a boca pra falar de “democracia” apoiar governos que tomam esse tipo de atitude. Lição de civilidade deram os governos (e por extensão, a polícia) do RJ, PR e RS. Achei genial uma faixa exibida na passeata: “Não fumo, não planto, não compro, não vendo, e não condeno.” Estou nessa.

A reportagem do Victor Sá, na Nauweb, mostra a violência explícita, com bom humor e criatividade. Recomendo!

PS: A GCM (Guarda Civil Metropolitana) também participou da violência.

Norma Culta e Preconceito

                  Esta semana, a velha mídia resolveu transformar um rato numa montanha.  O pretexto foi um livro didático, aprovado pelo MEC, destinado a jovens e adultos, onde os autores expõem a idéia de que a norma culta não é a única forma possível de comunicação. E propõem a troca do clássico conceito de certo/errado por adequado/inadequado, muito mais preciso dentro de contextos históricos, geográficos e sociais.

            Para os detratores de ocasião, isso é defender o “falar errado”. E, como sempre acontece desde que certo operário foi eleito presidente, o ranço preconceituoso aflora em inúmeras manifestações de leitores, articulistas e entrevistados.  É culpa do Lula, dos petistas, dos políticos analfabetos, e por aí vai.

                Este é o tipo de argumento de quem não leu o livro, não pesquisou, não procurou saber do que se tratava. Ou seja, argumento de ignorante. Li o tal capítulo (está na rede!), e é muito claro e bem escrito, dentro da norma culta. O texto trata de comunicação, não de prosódia ou ortografia. “Escrever é diferente de falar”. Defende o direito à comunicação, mesmo de quem não se expressa de forma erudita.

                É justamente aí que se desnuda o preconceito ancestral. Nos tempos do imperador, só ricos podiam ter acesso ao ensino, aos livros, aos professores. Assim, certos cargos e funções só podiam ser ocupados por quem soubesse ler e escrever. Um juiz ou deputado, por exemplo. Que representava os interesses de sua classe originária, impedindo que o poder de fato se democratizasse. A perpetuação das elites, das castas, através de uma educação formal restrita a poucos.

                Mas o mundo deu voltas, reinados viraram repúblicas, revoluções sacudiram várias estruturas, e o conhecimento cresceu tanto que não conseguiu ficar retido nas mãos de poucos. No século XX, nas ditas democracias ocidentais, mulheres, negros e pobres puderam estudar, ler, escrever, votar e ser votados. Que perigo!

                E o mundo ficou melhor, para bilhões de pessoas. Hoje tentam dificultar o acesso universal à internet. Imagine um sem-terra usando computador, onde vamos parar? Se alguém fala errado, fora da norma culta, deve ser ridicularizado, discriminado, calado. Só quem fala direito deve ter direito à palavra. Já pensou se uma geração de nerds tomar o poder e decretar que só quem dominar bem a linguagem da informática poderá ter acesso aos computadores? Os atuais donos de jornais e muitos professores de português estariam de fora, e ficariam indignados com a “discriminação”.

                Língua é infra-estrutura, é poder. Não li uma única defesa da última flor do Lácio que não estivesse manchada pelo preconceito, pela raiva da perda do poder político, pelo desconhecimento do que realmente tratava o livro em discussão. Malandramente, o jornal retirou do contexto um pequeno trecho, desvirtuando o sentido original.  Dá pra fazer uma boa colagem dos argumentos brandidos na imprensa (citações de Rui Barbosa, acusações de assassinato da língua, etc.) e utilizar como argumento para banir Adoniran Barbosa das nossas rádios. Ou proibir uma criança de ler um gibi do Chico Bento.

                Hoje, 19/05, um infeliz leitor do Estadão cita o Samba do Arnesto, do Adoniran, dizendo que é “a voz do povo. Sem cultura”. Coitado, não sabe a diferença entre cultura e educação formal. Para ele, um índio não tem cultura, mesmo que tenha construído Machu Picchu. Este é o tipo de gente que defende a pureza da língua nos decadentes jornalões: saudosa do finado modelo medieval.

Poesia amarga que vem da América

Uma canção singela, uma letra poderosa. Quanta luz!

Mãos velozes que vem da Ásia

Do Japão, para ser mais preciso. Hiromi Uehara, um fenômeno que vem conquistando platéias no mundo inteiro.

Doce voz que vem da África

Da Guiné-Bissau, para ser mais preciso. Com vocês, Eneida Marta, a mais nova eleita para o meu panteão de musas.

Mindjer, doce mel…

Me and Mr. Glover

 Passei o fim de semana envolvido em atividades relacionadas ao Primeiro de Maio. Como os amigos sabem, dediquei boa parte de minha vida profissional a fazer vídeos ligados aos movimentos sociais. Trabalhei em televisão, em telecursos e em várias produtoras, mas nunca perdi o vínculo com o movimento sindical.

E neste Primeiro de Maio fui incumbido de entrevistar o ator e ativista norte-americano Danny Glover. O cara é dirigente do TransAfrica Forum, e já esteve no Brasil algumas vezes. É conhecido mundialmente como o parceiro do Máquina Mortífera, mas para os brasileiros tem um significado especial sua atuação em Ensaio Sobre a Cegueira, do Fernando Meirelles.

Entrevista às 16 horas de sábado. Cheguei com a equipe às 15:20 h, preparamos luz e repassamos as perguntas. O concierge me avisou que Mr. Glover estava voltando de uma feijoada. De fato, chegou pontualmente, mas com cara de quem adorou a caipirinha.

A entrevista foi curta. Giboiando Jiboiando, com fala pausada, explicou o trabalho do TransAfrica e porque estava no Brasil nesta data. Fez questão de ser entrevistado com o boné da CUT. No dia seguinte, enfrentou bravamente a chuva no Vale do Anhangabaú, sem perder o bom humor. Uma figuraça o Mr. Glover!


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