Tenho há muitos anos uma paixão secreta pela cantora mineira Titane. Ela não sabe disso, claro. Titane sempre me encantou com sua voz afinadíssima e a preocupação estética com os ritmos e temas ligados à sua terra. Mesclando raízes folclóricas com novíssimos compositores, desde final dos anos 80 me impressionou pela coerência musical e originalidade das abordagens.
Com o novo disco, ANA (seu nome de batismo), Titane dá um mergulho na modernidade. Sem deixar de lado a eufonia acústica, lança mão de recursos eletrônicos e efeitos de estúdio que potencializam as possibilidades de seu timbre cristalino.
Ousou mais. Colocou na rede o CD (www.titane.com.br), disponibilizando as faixas para livre audição e cópia. Chega ao extremo interativo de colocar duas faixas com recursos que permitem ao ouvinte brincar com a edição, criando novas texturas.
A direção musical de Rafael Martini e Renato Villaça realça as requintadas paisagens imaginárias por onde sua voz passeia. Um punhado de canções de suave expressividade, distante da teatralidade habitual de seus shows, mas com toques inusitados. Titane, renovada e surpreendente, continua a me encantar.
(publicado primeiramente na Revista Música Brasileira)