Sobre livros e livrarias

shakespeare-and-co

As bibliotecas sempre tiveram, pra muita gente, um ar meio mágico, meio religioso, onde se conversa aos sussurros, como numa igreja, e onde adoramos os livros, objetos sagrados (mesmo quando são profanos). Menos rígidas, mais coloridas, ruidosas e dessacralizadas pelo comércio inerente, as livrarias também têm seus fãs. Há quem quase chore de emoção ao ver  um sítio como o  Most Interesting Bookstores of the World, de onde tirei a foto aí de cima, da célebre Shakespeare & Co., de Paris.

E é fascinante, para amantes de livros e livrarias, conhecer o Pequeno Guia Histórico das Livrarias Brasileiras, escrito por Ubiratan Machado (Ateliê Editorial, 264 páginas). Historiador dedicado, vai às origens das primeiras livrarias, no século XVIII. Você sabia que na velha Vila Rica, em 1750, havia uma Loja de Livros? Claro, é fácil imaginar os poetas da Inconfidência encontrando-se no local e trocando impressões sobre os últimos lançamentos. Fácil, mas enganoso. Na verdade, era muito maior o número de cidades e vilas onde não havia uma livraria, tal como conhecemos. Aliás, passe essa última afirmação para o tempo presente e continuará sendo verdadeira…

Ubiratan Machado pesquisou a história de 100 livrarias, dos tempos coloniais até o final do século XX, que tiveram importância cultural, social e, muitas vezes, política. Livraria é habitat natural de defensores da liberdade de pensamento, o que costuma contrariar certos governos.

As primeiras livrarias, ainda precárias, também comercializavam livros usados, o que atrai outra seita: a de admiradores de sebos. Incluo-me neste grupo, mas cometo freqüentes infidelidades. Uma boa livraria é apaixonante. Uma biblioteca bem organizada dá vontade de morar dentro. E há lugares que reúnem vários encantos, como o sebo-livraria-editora Alpharrabio, de Santo André. Ou os sebos-museus que se ocultam alguns andares acima da rua Barão de Itapetininga, em São Paulo, onde livros convivem com gravuras e objetos de arte. Lembrança puxa lembrança, e lembrei agora de um anúncio simples e genial que vi outro dia na Internet.

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Nem preciso dizer que o anunciante é uma rede de livrarias. Não uma qualquer, mas a Steimatzky, cuja história dá um filme. Ou um bom livro.

PS: Neste sábado, dentro da Virada Cultural, a Pinacoteca de São Paulo vai organizar uma feira de livros de arte com várias editoras, prometendo descontos de até 80%. Vamos nessa?

2 Respostas to “Sobre livros e livrarias”


  1. 1 Fernando de F. L. Torres 06/05/2009 às 5:12 pm

    Ótimo post… é triste como estão morrendo as livrarias pequenas, especiais.

    Dan, eu acompanho eventualmente seu blog e vejo diversos comentários seus em outros blogs. Querias conversar com você sobre o progeto Arlequinal (http://arlequinal.novasvisoes.com.br). Se tiver interesse me mande um email.

  2. 2 Daniel Brazil 06/05/2009 às 8:12 pm

    É verdade, Fernando. Guardo a lembrança de boas livrarias em São Paulo, que hoje já não existem. Bacana o Arlequinal, já está linkado!


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