Comentei há alguns dias, no post “duas Mulheres”, o fato da colunista social da Folha de SP desprezar a presença de uma trabalhadora em uma fotografia. Hoje (31/01) a mesma coluna traz outra foto, que completa o sentido da primeira.
Desta vez, a retratada está acompanhada por sua cadelinha. Adivinhou? Está lá, na legenda: “A estilista Fulana de Tal vai ao evento com sua cadela, Fulaninha de Tal”. Muito justo. Cachorro, afinal, também é gente. Já empregada…
É isso aí, cada matéria postada é uma aventura, umas boas e outras melhores ainda.
Cada coisa realmente interessante.
Beijos!
Isso não é simplesmente falta de noção do que é a vida, da parte do colunista. É também responsabilidade do jornal como instituição. E ninguém faz nada??????
É por isso que eu sou a favor do CNJ.
Preconceito, empáfia, esnobismo seja lá o que for da primeira foto, o que espanta é o quão ele passa despercebido para o jornal e a grande maioria dos leitores. Isso é o perigoso, passa a ser normal e corriqueiro. A relação da primeira foto com esta é gritante. Mas o tempo entre elas desfaz o impacto. Agora o que me enche o saco mesmo, é este colunismo rastaquera, tratando cachorro de madame como noticia. Essas madames tratando cachorro como filho. E as duas, madame e jornalista, terem espaço na grande imprensa. Ops, as tres. Ops madame jornalista cadela. Sem virgula.
Essas colunas socias servem pra que, afinal?
Para gerar comentários revoltados da massa. Estão funcionando.
http://cudelontra.wordpress.com
mas vcs tem que ver que o cachorro esta numa bolsa e é branquinho e fofo e isso vira noticia por que é de sonial importancia para nossas vidas
O nome da empregada não apareceu na foto porque ele não importa pra quem procura essa coluna. Não tem nada a ver com ela ser “gente” ou não. Poderia ser uma rica anonima qualquer que, ainda assim, não teria o nome publicado por não ser uma socialite e não ter uma vida “interessante” o suficiente.
Quem procura essa coluna provavelmente queria saber o nome da cachorrinha da socialite e qual a marca daquela bolsa ma-ra-vi-lho-sa para comentar com as colegas. Me digam agora, revoltados: qual a relevancia do nome da empregada (ou de qualquer outra pessoa não-publica, não-celebridade) que apareceu na foto?
Eu entendo a metafora contida na foto, como ela representa a situação social no Brasil, onde supostamente os pobres são ignorados e os ricos são paparicados pelo governo. Só não entendo a surpresa e a revolta ao se deparar com as fotos e suas legendas.
Ora, André, que algumas pessoas sejam conformadas com esse tipo de coisa, até entendo.
Mas que os conformados esperem que todos sejam, é um pouco demais, não? A surpresa e revolta de alguns comentários me parece perfeitamente natural.
A relevância do nome da empregada, se v. quer saber, é muito maior que o nome da socialite, até pelo ineditismo da situação.
Com qual tipo de coisa, Daniel?
O que me espantou não foi a revolta contra a situação social no Brasil, foi a revolta contra a legenda das fotos.
As legendas estão lá para dizer o que as pessoas que procuram a coluna querem saber. O nome da empregada não está lá porque as pessoas estão interessadas na vida das socialites, não das empregadas. Porque isso é revoltante?
Voce fica revoltado quando vê manchetes do tipo “Luciana Gimenez casou com José da Silva”? Fica pensando “pô, quando eu casei não saiu em nenhum jornal!”?
Eu acho mais estranho o fato das pessoas se interessarem pela socialite do que elas não se interessarem pela empregada, sinceramente.
André, veja o que diz o Manual de Redação (Folha de São Paulo, 1987, p.155):
“A legenda deve ajudar o leitor a compreender e apreciar a fotografia, esclarecendo as dúvidas e chamando a sua atenção para pequenos detalhes interessantes que lhe podem ter escapado. Sua finalidade é interessar o leitor o suficiente para que volte a olhar a fotografia com maior atenção. Pode ser informativa, explicativa, interpretativa, irônica, instigadora, etc.”
É claro que aquela legenda – redutora, incompleta e preconceituosa – não se encaixa aí em cima. Não esclareceu minhas dúvidas, e nem chamou a minha atenção para um “pequeno detalhe interessante” de 1,60 m de altura, que ocupa 50% do quadro. Pelo contrário, omitiu.
Olha, e ainda dizem que o mundo tem jeito…