Ao folhear a Folha de SP distraidamente, neste domingo (20/01), me deparei com esta foto, na coluna da Mônica Bergamo. A matéria era sobre um desfile de modas numa casa elegante, e as duas figuras contrastantes me chamaram a atenção.
Duas mulheres, talvez da mesma idade, de mundos diferentes. A postura, olímpica de uma, submissa de outra. Os penteados, a maquiagem, as roupas, tudo demonstra existir um oceano entre elas. Mas achei notável que estivessem juntas numa coluna dita ”social” de um jornalão de domingo.
A intenção da fotógrafa talvez tenha sido a de integrar dois mundos, mostrar quanto as mulheres podem ter em comum. Provar que, não importa onde tenham nascido, respiram o mesmo ar, freqüentam o mesmo ambiente, têm desejos semelhantes.
Fui à legenda, claro. A verdade estava lá inscrita, pétrea: “Fulana de Tal, vestindo Fórum Tufi Duek, na casa do estilista.” Só.
Apenas uma dessas mulheres existe, para o jornal. A outra pode ser confundida com um vaso ou um animal doméstico. Seu sorriso é uma miragem, seu corpo é uma abstração escondida sob o uniforme masculinizado. Talvez cozinhe melhor, cure melhor, console melhor, faça amor ou cuide dos filhos melhor que sua vizinha, mas isso não conta. Não merece ter o nome divulgado.
Aliás, não é gente. Não pode ter nome.
Parece até que a bolsa tem mais importância não é? Pois é caro Dan, pois é…
Puta cara. Se matou a pau. Patricinha de ……………..Saudade do NOTICIAS POPULARES. Merda por merda, melhor a sincera.
Triste. Muito.
Na mosca, a sua análise. Parabéns. Já assinei o feed e continuarei acompanhando o blog. Abraços,
Comentários sucintos, mas precisos. Obrigado, Charo, Hugo e Marilia.
Gosto de observar a relação entre legendas e fotos em nossa imprensa, e dá material para muitos posts. Quando não é óbvia (legenda pra cegos), comete erros crassos.
Há uns 15 dias vi uma foto da Hillary com o Bill Clinton. Apenas o casal na foto. Legenda: “Hillary (esq.)…”. Ora, ora…
Idelber é um afiado comentarista de cultura, e já está linkado aqui, no Biscoito Fino. Recomendo!
essa tese é velha e tá até no “onibus 174”, do mesmo josé padilha do tropa de elite. pessoas invisiveis.
A discriminação é tão velha quanto a civilização, Rob. Ignorar castas inferiores já era praxe nas culturas egípcia, brâmane, romana…
Meu amigo me desculpe, mas acho que quem vê uma empregada doméstica desta maneira é você. Se isto não estivesse arraigado na sua maneira de ver o mundo e de pensar não estaria falado tanta besteira. Para mim esta moça é uma funcionária como eu, que no meu horário de expediente uso um macacão bastante masculino, e nem por isso acho que a mulher do meu chefe tenha que visitar a fábrica vestida igual a mim e nem me sinto humilhada por isso. Esta moça após o seu horário de trabalho, que cumpre com toda a discreção, onde ser discreto é um quesito, se vestirá ao seu gosto. E você se engana se pensa que as empregadas domésticas são tratadas como escravas hoje em dia.Elas fazem, em sua maioria parte da família.Acredito que comentários como os seus que as fazem sentirem-se diferentes. Tenho várias amigas domésticas e nunca escutei uma colocação como esta, e via de regra são amigas e até confidentes de suas patroas.
Se você não enxerga, Josi, o que fazer?